sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Para Ana Terra por Marisa Déa


"Falar sobre Ana Terra é um granda desafio.
Há cerca de dois anos, por um feliz acaso, fui apresentada a essa grande letrista, que conhecia há 40 anos, através de suas canções, que se tornaram referência na Música Popular Brasileira.
Isso deu-me a oportunidade de conhecer, além da poeta, a autora de composições em prosa de beleza ímpar, nas quais Ana Terra despe-se para revelar ao leitor seus mais íntimos anseios e emoções.
Valendo-se de uma linguagem coloquial, a autora refere seus sentimentos e sonhos, acontecimentos de sua vida pessoal; expressa suas convicções políticas e sociais, sua preocupação com a arte e a situação do artista em nossa realidade.
Os textos de FRAGMENTOS DE MIM e MEU BEM, que estão presentes no DVD a ser lançado, são um belo exemplo dessa sua forma de expressão.
Dessa conversa ao pé do ouvido, como a da mulher traída que, ainda assim, prepara com o maior desvelo o feijão para seu homem e, num repente, revela o sentimento que tem qualquer mulher em semelhante situação ao exclamar - para nos salvar - "amanhã boto vidro moído" ( POESIAS "Arroz com Feijão").
De uma estrutura linguística, nitidamente oral, Ana Terra salta para estruturas requintadas, onde a linguagem ganha enorme riqueza conotativa, carrega-se de imagens e metáforas, adquire movimento e cor.
Um exemplo disso está em FRAGMENTOS DE MIM I, onde a autora nos revela a fonte de sua arte: "Por isso vivi sempre entre mergulhos em águas profundas para salvar peixes e saltos mortais para alcançar palavras soltas". Ou ainda em FRAGMENTOS DE MIM II: "( e eu lia) ...emoções que são mais fáceis de ler porque estão escritas no corpo, difícil embaralhar palavras no peito, nos olhos, na aura, então, impossível" ...
Valendo-se de uma linguagem que traduz emoção e necessidade premente, cria um texto que deveria constar de compêndios de Teoria da Literatura. Em SER ARTISTA fala da necessidade absoluta que tem o artista de criar, de arrancar de dentro de si a obra, como um filho tem que sair do ventre da mãe.
Assim é Ana Terra, criadora, mãe, avó, mulher, que coloca a paixão em cada ato de vida.
Assim é Ana Terra, letrista, escritora, amiga, irmã."


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