segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Último e-mail que recebi do saudoso Fernando Brant


De: Fernando Brant em hotmail <fernandobrant@hotmail.com&gt
Data: 8 de março de 2015 14:20
Assunto: Re: o que tá rolando?
Para: ANA TERRA <anaterra01@gmail.com>

Querida Ana, mulher e letrista admirável.

Abaixo vai a resposta que a UBC enviou ao jornalista, mas, antes, eu vou lhe explicar o que está acontecendo.
A NET, antes de fazer acordo com o ECAD, pagava uma parte do que devia, que era distribuída de acordo com decisão de todas as associações. No momento em que houve o acordo e foram pagos os demais atrasados, a distribuição logicamente deveria ser feita dentro do mesmo parâmetros.
Surpreendentemente, sem que o assunto estivesse previsto na Pauta da AG do ECAD, as outras associações resolveram mudar o modo de distribuir o dinheiro complementar da NET. Alegaram, pela voz do Roberto Mello, “que eles pagam e nós distribuímos aqui do jeito que quisermos.” (Lembrando tempos antigos do Direito Autoral, de manipulação, que temos notícia mas não conhecemos).

A UBC fez constar em ata o seu protesto. E entrou na Justiça para impedir que o ilegal prosperasse. No início de dezembro do ano passado, a Justiça deu liminar à UBC contra a decisão absurda.

Algumas pessoas ligadas a esse tal Procure Saber nos procuraram para tentar um entendimento. Concordamos e fizemos uma proposta às demais Associações no fim do ano de 2014, mas até hoje elas não se pronunciaram. Defendíamos resolver essa questão localizada e partir para uma forma definitiva de distribuição dos valores arrecadados das tevês a cabo.

Distribuição direta, canal por canal. Pois a uma arrecadação justa deve-se unir uma distribuição também justa.
Pegar o dinheiro das tevês fechadas para pagar mais para os canais abertos, que elas exibem por obrigação legal, mas não fazem parte de sua grade, é insensato. Eles pagam de acordo com o número de seus assinantes, porque pagariam também por quem nada tem a ver com elas? Se isso continuar, eles poderão exigir que o percentual distribuído com base nas tevês abertas seja diminuído de suas mensalidades. É um risco que se corre. A boca grande pode afugentar os alimentos. O que toca na tevê aberta (Globo, SBT, Record, Bandeirantes...) já é pago por elas.
Um percentual já é separado para os autores que tocam nas tevês abertas e são vistos e ouvidos na tevê paga. Mas não pode sera maior parte.
Um exemplo claro de distorção. Um autor que faz trilha para a Record (que paga bem menos que outras emissoras) acabará ganhando mais do que o ECAD recebe da emissora. Ele toca muito lá e, acrescentando aos seus ganhos o que se retira indevidamente das tevês a cabo, o trilheiro recordista vira um verdadeiro Tio Patinhas. Este caso existe.
Por fim:
O que esses procuristas querem, ao pedir intervenção do  Ministério da Cultura, é negar aos brasileiros o que democraticamente temos e conquistamos. O Direito de nos dirigir à Justiça para reclamar pelo que consideramos justo.
A Ditadura está na cabeça deles. E eles só pensam em grana.
Beijos.
Fernando.