domingo, 1 de junho de 2014

UM GAÚCHO

Era uma noite em Ipanema na casa da filha que nos convidou. Sentou numa poltrona e nós em volta no chão. Era um homem bonito. Para mim que acho bonito homens com fogo nos olhos, doçura nas palavras e gestos largos que nos incluem. Era para mim um homem velho. Desses que transmitem sabedoria e não fraqueza. Era um homem bom. Desses que não duvidamos do que dizem. Era um homem corajoso, desses que fazem a gente acreditar no impossível. 


Contava histórias dos pampas como se estivéssemos em volta de um fogo assando carne. A cuia de chimarrão imaginária passava de mão em mão. Contava histórias da infância , da juventude e de países europeus. Tinha crença apenas nas crianças porque os adultos já estavam perdidos. Sonhava alimentar todas com a melhor educação do mundo. Amava seu povo mestiço e sua nação. Não tinha a menor chance segundo estatísticas para chegar outra vez ao poder. Mas saímos dali dispostos a contrariar as previsões e fomos à luta. Vencemos. 

O outro Rio o teve como seu comandante duas vezes. Pena que o Brasil não conseguiu fazer o mesmo. Saudades, Leonel Brizola .

Ana Terra/jan/2014

Um comentário:

  1. Seu texto carrega uma emoçao muito grande, embora contrariando o lirismo que estamos habituados a encontrar em todos os seus ecritos.
    Este é talvez o mais objetivo e denotativo de todos os seus escritos de que tenho conhecimento.
    interessante esse aspecto, Ana Terra.

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