O Menino e a Mulher quiseram ver
o futuro. Para isso recuaram até o início de tudo. Com os instrumentos que
agora dispunham deixaram a condição de objeto para serem sujeitos do tempo e do
espaço. Assistiram ao filme da evolução do homem, da barbárie à civilização.
O desenvolvimento de cada Era e
suas descobertas. A primeira sociedade organizada, a caça, a pesca, a
agricultura, as tribos pastoris. Comércio, navegação, indústria. A queda do
direito matriarcal, a introdução do direito patriarcal. Viram quando o Homem
deu o primeiro passo em direção à dominação e à servidão. Quando a divisão
natural do trabalho se transformou na divisão das pessoas em exploradores e
explorados. O surgimento da propriedade, da família e do Estado. Desfilaram na
tela os Senhores da Guerra e da Paz. Passaram os deuses criados à imagem e
semelhança do Homem em cada período de sua História.
Chegaram ao presente e
encontraram o espirito humano totalmente aturdido ante à própria criação. O
filme chegou ao fim. No escuro, sentiam o peso do passado e principalmente dos
vinte e um séculos da Era a que pertenciam, de Peixes, em vias de se concluir.
De repente foram projetados na tela, num passado remoto.
O Menino carregando sua pesada
cruz e a Mulher em prantos. Ela passava pelo pior sofrimento para uma mãe: o
sofrimento do filho e a impossibilidade de trocar de lugar. Ele ensinando a
aceitar que a carga pessoal de cada um é intransferível. Ela aprendendo a
coragem e a fé na eternidade. Mais que tudo descobriam o divino dentro deles.
A luzes acenderam. Agora já
estavam prontos a iniciar o futuro. Pertenciam, como tantos outros a um novo
tipo de ser humano que sempre surge no limiar de um novo ciclo. Os que
condensam a energia dos esperançosos e a transformam num foco de luz.
Ficou claro que a permanência da espécie
no planeta vai depender de cada um corrigir a rota e se direcionar para uma
sociedade fraterna. Essa é a condição para que exista uma nova Era. A de Aquário.