A
Mulher lá no fundo do mar recebeu a visita do Grande Caranguejo que
lhe informa que chegara o Momento. Ela sobe das profundezas e pede a
uma onda que a leve até a praia. Pela areia vai andando até a filha
que inicia então o trabalho de parto. Prepara o chá de artemísia,
retira da cintura a corda de conchas e deixa estendida bem esticada
ao lado, para que o cordão umbilical não enrole no seu neto que
virá.
Nascem
a noite e a criança envolta em algas marinhas. A Mulher a segura nas
mãos, erguendo-a em consagração à Lua. Conforme o determinado no
início dos tempos, surge ao amanhecer o Senhor da Civilização para
celebrarem a nova partilha dos reinos. Também, conforme o
determinado, aquele que primeiro falasse teria prioridade de escolha.
A
Mulher perdera a voz porque a usou durante a noite inteira em preces
ao 4 Elementos pedindo que se reunissem em círculo para a nova vida
despontar. O Senhor da Civilização, com voz possante, declara
rapidamente aos quatro ventos que tudo sobre a face da Terra,
construções e invenções futuras, pertencerão para sempre ao seu
domínio e ao feminino caberá o resto. Riu muito de sua esperteza já
que quase nada sobrara à outra parte.
A
Mulher em vez de revolta, sentiu um grande amor pelo reencontro com a
filha e o encontro com o recém-nascido. Agradeceu em silencio à Lua
que os iluminou e à maré que a levou até lá. Lembrou todos os
ciclos que ela e seus ancestrais viveram para permitir a existência
desse momento. Com a criança no braço esquerdo, deu a outra mão à
filha e caminharam em direção ao Mar.
Antes
de mergulhar. A Mulher olhou para o Senhor da Civilização e sorriu
vitoriosa. Ele nem desconfiou que a ela coube para sempre o poder que
salvará a humanidade quando seu império desmoronar: O Reino dos
Sentimentos.
Voltavam
enfim para casa possuindo os três dons fundamentais da magia. A voz
interior, a memória e a imaginação.
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