O Sol e sua luz levaram o Menino ao hospital.
A venda nos olhos e a voz do médico dizendo que por pouco ele teria sofrido uma lesão. Agora pela primeira vez conheceu a sombra daquele que na infância era só clareza e o desafio de enxergá-lo. Fixando a vista até quase queimar. Hipnotizado.
Agora, na escuridão de esperar a cura, ele se vê numa clareira da floresta virgem onde se prepara a Cerimônia Sagrada. Não é mais criança nem adulto ainda. Enquanto a Noite vai recolhendo seu manto, a Aurora chega de mansinho.
Todos estão voltamos para o leste com as mãos estendidas para receberem aquele que está chegando: o deus Sol em seu esplendor.O velho Feiticeiro pronuncia seguidamente palavras diferentes até que o primeiro raio do Sol bate no peito do Menino:
"-Guarde seu nome. Você o recebeu do grande deus que vira todos os dias saber se você o honrou. Durante o tempo em que ele estiver presente você terá um companheiro sombrio a lhe imitar todos os gestos para que tenha consciência dos próprios atos. No meio do dia, o deus Sol estará a pino, bem em cima de sua cabeça e seu companheiro desaparecerá por alguns momentos. Então será tentado a procurar alguém que te obedeça para substituí-lo. Imediatamente ele estará de volta para lembrá-lo que você só terá poder sobre si mesmo. E todas as noites o grande deus vai se retirar deixando-o em seu lugar. Não use nunca sua luz para apenas brilhar ou ofuscar seus semelhantes. Cumpra seu destino de iluminar."
Belo texto.
ResponderExcluirMuito pouco commum' em sua obra, surpreendeu-me uma fábula em sua obra.
Sua estrutura, essa forma de ensinamento, coisa nāo comum a seus escritos.
O elemento onírico dominando.
Nāo é Ana Terra que estamos habituados a encontrar, de carne e osso, é Ana Terra das visōes, sonhos, alucinaçōes. Emoçāo pura!