Da Mulher nasceram dois meninos idênticos. Logo aprenderam a falar
e correr pelos arredores. Sempre juntos. A brincadeira preferida era dar nome
às coisas. Descobriram que assim tudo continuaria a existir mesmo fora do
alcance dos sentidos. Acharam muita graça na invenção e foram à procura de
novidades para nomear até que chegaram a um Portal alto sustentado por dois pilares
claros. Entraram e lá era uma imensidão. Cada um foi para um lado.
O primeiro chegou no Lugar das Letras. Lá aprendeu
rapidamente a juntá-las em palavras e frases. Ler e escrever. Ficou maravilhado
com os livros e tantas histórias. Começou a enviar cartas para o irmão contando
as descobertas. Esperou pelas respostas que não chegavam. Sentindo imensa
saudade consultou um oráculo.
Surgiu a imagem do irmão também feliz com suas descobertas.
Inúmeras oficinas e seus instrumentos. Ferramentas de marcenaria, armas de caça
e pesca, utensílios de cozinha. Todos aprendiam a preparar os próprios alimentos,
tecer suas roupas, construir suas casas.
Passado um tempo, os irmãos que nunca se separaram antes,
voltaram ao Portal. Num longo abraço perceberam que estavam diferentes e nunca
mais se angustiaram com a ausência do outro.
O primeiro, que adquiriu conhecimentos no Lugar das Letras,
registrou a experiência num grande livro que serve até hoje a todos da aldeia.
O que não aprendeu a ler nem escrever, sabia como ninguém traduzir os sinais da
natureza. Desenvolveu a imaginação e uma forma especial de contar as histórias
que são passadas de geração em geração.
Que lindo!
ResponderExcluirSigno das letras é das artes, Ana Terra?
Que belo texto é que imagem linda.
Muito bom...
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