Sabe, meu bem? Inventei uma persona para seduzir seu macho mais primitivo, o civilizado já é por demais seduzido. E de um acordo implícito, sem nenhum decoro, nasceu essa cumplicidade básica . Ando tocando em transparências como se o mundo não me aprisionasse mais. Em contradições explícitas me submeto para conhecer a liberdade e um absurdo sofrimento pavimenta o caminho do absurdo prazer.
Beijo você para tirar o fôlego, o juízo, a roupa e vou colando em mim sua boca no pescoço, nuca, dorso. Sua língua que anula minha vergonha, inventou essa persona tão aguda que me perfura e se mistura ao ego, ao corpo, à alma. Em você minhas fronteiras se diluem, a desordem de tudo desaparece. E eu finalmente existo.
Magnífico texto que se desenvolve apoiado em antíteses, tocando os opostos até construir a nova realidade; a felicidade nascida da dor, o prazer extraído de sua própria ausência; a vida que nasce de sua negação de si mesma.
ResponderExcluirTexto delicioso, Ana Terra