domingo, 27 de julho de 2014

FRAGMENTOS DE MIM - XII - Quer casar comigo?

Não sei nada de quase tudo mas sei que não sou burra o suficiente, nem bonita o suficiente, para agradar a qualquer um. Não sou pra qualquer um, infelizmente. Só pra quem se contenta com meus silêncios e amor ardente. Mas que goste muito do dia a dia, tomar café junto, dormir na mesma cama agarradinho, feito amor do campo, aquela planta que cura e é um simples mato. Sou um simples mato, não essas flores sofisticadas, embora alguns me vejam assim. Uso batom e brincos sempre, são meus únicos adereços permanentes. Não gosto de olhar vitrines mas posso ficar horas olhando ondas. Gosto muito de chocolate amargo, café, tabaco e vinho. Não gosto de música ambiente nunca, aliás como Chico e Dorival, porque ela deve ser a estrela no palco e jamais ruído. Não acho viajar só a melhor coisa do mundo mas passaria um mês, talvez um ano, em Roma, Paris ou Lisboa,  numa boa. Gosto de família, de velhos, crianças pequenas, sei cuidar de um doente respeitando sua dor e pousando minhas mãos de cura em sua fronte. Sei também massagear meu homem que chega cansado do trabalho enquanto ouço suas reclamações do mundo. Sei ler o céu e interpretar seus sinais. Tarô também, mas só os arcanos maiores. IChing acho o supremo luxo, por isso só às vezes. 

Sou uma menina Terra, signo do elemento terra, por isso sou velha como o mundo. Não sei ganhar dinheiro mas tenho Júpiter na casa dois, então ele sempre me chega assim como vai. Meu nome tá sujo no SPC porque não paguei a agiotagem bancária . Mas nem esquento, rio com Lenin, não, foi Brecht, a xará me corrigiu, o que é um assalto a banco diante da fundação de um banco? Ah, também sou comunista. Não do tipo raivoso mas bem doce. Só nunca compreendi porque um doutor deve ganhar mais que um gari.  Muitas coisas não compreendo. Mas rio alto feito criança se encontro alguma resposta nos livros. E também quando me apaixono. Gosto mais de frio que de calor só para usar botas. Gosto de muitas coisas mas do que mais gosto mesmo é de um homem perdidamente apaixonado por mim.                                  

 Ana Terra

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