domingo, 6 de julho de 2014

A ALMA ENCARNADA - 2

No ano anterior, depois de muito resistir, realizei finalmente a histerectomia. Não podia mais perder a quantidade de sangue que perdia em hemorragias que resultavam em anemia. Mas sabia que todo sofrimento era somatizado no útero; minha poderosa Lua em Câncer não deixava por menos, o mesmo órgão que abrigou 4 filhos, realizando a maternidade, no meu caso um padrão de força, agora abrigava miomas que me enfraqueciam. Sabia também que a cirurgia ia resolver ‘um’ problema, mas não ‘o’ problema. O sintoma se deslocaria mas não sabia para onde. Sete meses depois meu braço esquerdo doía e ficava dormente.

Claro, doença do coração, como eu não pensei nisso antes? Eu sempre tão sentimental, sofria muito do coração.  Fui parar na emergência de atendimento cardíaco levada por minha amiga Leila. Deu tudo normal. Menos a dor, que continuava me impossibilitando cada vez mais os movimentos dos braços e mãos. Descobri finalmente que tinha artrose, doença clássica na minha família e três hérnias de disco na cervical. Então mais uma vez eu realizava literalmente meu mapa astral de nascimento: Capricórnio é a estrutura, rege o esqueleto e Touro o pescoço. Meus signos ascendente e solar se manifestavam para que eu pudesse me salvar do sofrimento crônico. O medo de perder-se para sempre. E o sonho veio confirmar que eu seria salva pelo movimento e a entrega ao desconhecido. E lá fui eu estudar como ouvinte no Mestrado em Ciência da Arte, levada também por Leila, no curso do professor Julio Tavares.
“... toda experiência cognitiva inclui aquele que conhece de um modo pessoal, enraizado em sua estrutura biológica, motivo pelo qual toda experiência de certeza é um fenômeno individual cego em relação ao ato cognitivo do outro, numa solidão que só é transcendida no mundo que criamos junto com ele.” ·
In "Relato de uma Aprendizagem" - Ana Terra /2004

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