domingo, 6 de julho de 2014

A ALMA ENCARNADA - 6

A Letra da Magia e a Magia da Letra
Antes de aprender a ler eu pegava um livro e achava bom seu cheiro, sua forma, seu mistério. Talvez a energia da palavra escrita tenha encontrado uma porta aberta naquela menina calada. Ocupou um canto silencioso e permaneceu. Hoje tenho certeza. Foi ela, junto com a maternidade que me salvaram de uma existência opaca, difusa, diluída. Sempre que me senti perdida, o ato de ler ou escrever me trouxe o rumo, como a mão de um filho.
Minha primeira letra de música gravada foi em 1975, pelo Tamba Trio e chama “Contra o Vento”, mas o primeiro texto publicado foi em 3 de fevereiro de 1974, dia seguinte da grande festa do mar, com o titulo `O Espetáculo` e falava de peixes pequenos assustados com os tubarões. Eu ainda não sabia o que é sincronicidade! Olhando para trás me emociono por ter sido salva tantas vezes.
Pelos Orixás das águas que me deram o privilegio de ser artista.
Pela Astrologia, terra firme que me deu instrumentos para mergulhar mais fundo no universo simbólico.
Pela musica que botou no ar minha poesia e a conduziu a mares jamais previstos.
Pela participação política que me fez nadar em águas turvas, mas de onde veio a luz, o fogo para enxergar melhor meu país, a nação soberana do terceiro milênio. Eu tenho fé, será.
Pelos livros que tocaram minhas mãos, minha mente e meu coração. 
Agradeço a generosidade dos velhos e dos novos parceiros. E ao nosso aliado incondicional, o deus Tempo, senhor soberano do artista.

In "Relato de uma aprendizagem" - Ana Terra/2004

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