Eu era assim, uma sombra dele, um reflexo da imensidão de luz que emanava, a repetir seus pensamentos até que virassem meus, a imitar gestos no meu corpo até que virassem seus. Guardava seu gosto na minha boca e a comida que eu fazia provava antes com sua saliva para então oferecer, e amoldava minhas curvas e retas nas dele para nada sobrar ou faltar, arrumava minhas palavras para que soassem como eco, misturava sua aura na minha para ter alguma luz quando de mim se afastava, levantava antes só para enfeitar o amanhecer e deitava outra vez, e abria meus olhos com os dele só pra falar junto, que dia lindo!
Eu era assim, mas depois que ele se foi, não sei mais quem sou.
Eu era assim, mas depois que ele se foi, não sei mais quem sou.
Incrível essa capacidade de doaçāo ao amor, aos sentimentos. Esse eu poético que se doa inteiramente, anula-se para agradar o outro, é bem próprio da sensibilidade de Ana Terra.
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