domingo, 27 de julho de 2014

Fragmentos de mim. - XVII

Revistas femininas e livros de autoajuda sempre traziam fórmulas mirabolantes para conquistar um homem. Errei todas. Nunca poupei esforços  quando queria um. Procurei numa lista telefônica até achar o número do telefone de alguém que me levasse a reencontrar aquele que conheci numa festa por acaso e conversamos tanto que parecia que nos conhecíamos há milênios; mas eu estava casada. Quando me separei, foi ele que quis. Outra vez, nos resquícios de sexo, drogas e rock and roll no Baixo Leblon, conheci um homem às 4 da manhã, bem embriagada, e foi esse que quis. Fui para a casa dele sem nem saber seu nome e adormeci feito uma criança  em seus braços frustrando qualquer expectativa masculina de ter um fim de noite erótico. Mas o que ele se encantou comigo foi essa confiança irresponsável: e se eu fosse um bandido, um tarado? Mas você não é, eu tenho um anjo da guarda que não bebe. Nunca deixei o telefone tocar várias vezes para fingir que não estava ansiosa pelo telefonema. Atendo de primeira: Que bom, amor, estou morrendo de saudades. E compro a bebida que ele gosta mesmo sendo cerveja que odeio. E torço pelo time dele mesmo não achando graça em esporte. E gosto da família dele como se fosse minha. Descumpri todos os manuais de conquista mas com todos me casei. 

Um comentário:

  1. Desculpe escrever algo que senti pois tive duas histórias assim sem beber nada ( não preciso sendo ciclotímica).Entendi algo que hoje aos 54 anos , sozinha posso ligar para essas pessoas e elas me amam como eu a elas.É uma sincronia de almas côncavas e nada conversas.Eles ou elas sabem quem sou e isso me basta.Obrigada por" Fragmentos de mim"-XVII Helena Brown

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